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sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Atazagorafobia


As pessoas costumam causar impressões profundas em mim ou, então, não causar impressão nenhuma. Eu não consigo lembrar de um rosto que não tenha doído em mim ou que tenha sido tão doce que a dor tenha valido a pena. Por isso, não consigo evitar de franzir o cenho quando as pessoas me abordam na rua dizendo: "Ah, você é aquela garota". Muitas veze elas sabem meu nome, o que é ainda mais estranho. Tenho vontade de não sorrir - porque eu sempre sorrio para eles - e perguntar: "Quem é você que não esqueceu meu nome depois de todos esses anos e, naquela época, não conseguia lembrar que eu estava lá? Quem é você, em quem eu deixei uma impressão tão superficial - um nome, uma data e nenhum sentimento?". Mas apenas sorrio e digo "Sim, eu sou aquela garota". Quando eu partir, as pessoas vão lembrar de mim como aquela garota. Algumas lembrarão meu nome. Alguém lembrará dos meus textos? Pois o nome não importa, a pessoa também não. As palavras importam. Pois não sou aquela garota, eu sou as palavras.

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