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Pela fechadura

Desisti completamente de organizar esse meu pequeno mundo escrito. Ao digitar o meu endereço eletrônico e clicar enter, vocês entram na minha sala de terapia. O psicólogo é um filho da puta; nunca apareceu. Recorro a curandeiros sádicos e cheios de histórias sobre como a dor é necessária para purificar o espírito. É aqui que exorcizo os meus demônios e, também aqui, invoco-os e imploro que fiquem comigo. É terrível a solidão da minha sala de terapia; os vazios transbordando da sala de espera. Este confuso antro de palavras também é meu confessionário; não sei para que entidade confesso meus pecados. Devo confessa-las para mim, afinal, eu sou a única deusa na qual tenho fé. Já mencionei o quão solitário é ser a única divindade no recinto? Eu desejo companhia. Qualquer uma não servirá; preciso de pessoas dispostas a perdoar e, acima de tudo, a acreditar. Vocês são bem-vindos a entrar na minha sala, sentar no divã e invocar seus próprios demônios. Podemos apresentá-los aos meus; dançaremos junto com eles.

*

Algumas vezes,
Imagino a vida como uma grande
fechadura.
Este mundo é uma jaula,
a realidade é uma ilusão.
Todos nós temos que
construir nossa própria
chave.
É isso que faço com as palavras;
Eu torço, espalho,
mudo algumas de lugar.
Estou construindo a minha chave,
Pois, acima de qualquer coisa,
eu quero ser livre.

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