Mechas lisas de ébano emolduravam o rosto,
Espalhavam-se pelo busto e terminavam no abdômen
A pele era morena, bronzeada de sol e sal.
Da boca pingava pecado,
Vermelho e salgado.
Os olhos refletiam o mar que
Refletia os olhos que
Refletiam as almas dos homens.
As mãos desgastadas de tanto segurar corações entre os dedos,
Os dedos manchados de amor e sal e morte.
A pele era morena e era prata,
Prata eram as escamas, prata brilhante.
Seus lábios nem se mexeram, mas ela cantou.
Cantou a loucura no coração dos homens,
E eles vieram e ela segurou seus corações nas mãos e ela os devorou a todos.
Ela engoliu devagarinho e chupou os dedos fazendo barulho.
O corpo pareceu contorcer-se,
A pança cheia de almas.
Mergulhou, então, para o azul.
Duvidei que tinha sequer existido,
Mas quem teria aberto um buraco no peito dos homens?
E as almas? Teriam escorrido do buraco no peito para o mar?
O mar manchou-se de prata,
Trechos de alma boiando na água
A voz da sereia ainda ecoava dentro de mim
O mar me embalava com o balanço das ondas
Era uma canção de ninar que fez os homens dormirem para sempre
A morte havia sido cantada pela mãe dos mares
Ai de mim morrer tão belo assim.
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Não sei fazer poesia. Vou voltar para os textos.
5 comentários:
Lindo isso.
Toda mulher tem um pouco de sereia. São atraentes, irresistíveis e roubam nossos corações.
Muito lindo, mesmo.
Obrigada. Eu não costumo escrever poesias, eu não dou pra isso.
"Toda mulher tem um pouco de sereia."
Não havia pensado sobre isso, é um comentário interessante.
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