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segunda-feira, 6 de junho de 2011

O canto da sereia

Mechas lisas de ébano emolduravam o rosto,
Espalhavam-se pelo busto e terminavam no abdômen
A pele era morena, bronzeada de sol e sal.
Da boca pingava pecado,
Vermelho e salgado.
Os olhos refletiam o mar que
Refletia os olhos que
Refletiam as almas dos homens.
As mãos desgastadas de tanto segurar corações entre os dedos,
Os dedos manchados de amor e sal e morte.
A pele era morena e era prata,
Prata eram as escamas, prata brilhante.
Seus lábios nem se mexeram, mas ela cantou.
Cantou a loucura no coração dos homens,
E eles vieram e ela segurou seus corações nas mãos e ela os devorou a todos.
Ela engoliu devagarinho e chupou os dedos fazendo barulho.
O corpo pareceu contorcer-se,
A pança cheia de almas.
Mergulhou, então, para o azul.
Duvidei que tinha sequer existido,
Mas quem teria aberto um buraco no peito dos homens?
E as almas? Teriam escorrido do buraco no peito para o mar?
O mar manchou-se de prata,
Trechos de alma boiando na água
A voz da sereia ainda ecoava dentro de mim
O mar me embalava com o balanço das ondas
Era uma canção de ninar que fez os homens dormirem para sempre
A morte havia sido cantada pela mãe dos mares
Ai de mim morrer tão belo assim.


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Não sei fazer poesia. Vou voltar para os textos.

5 comentários:

bruna disse...

Lindo isso.

Antonio Souza disse...

Toda mulher tem um pouco de sereia. São atraentes, irresistíveis e roubam nossos corações.

wanessa g. disse...

Muito lindo, mesmo.

Amanda disse...

Obrigada. Eu não costumo escrever poesias, eu não dou pra isso.

Amanda disse...

"Toda mulher tem um pouco de sereia."
Não havia pensado sobre isso, é um comentário interessante.