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domingo, 8 de maio de 2011

Rua 7

(My name is death and the end is here)


O sol de meio dia estava alto, mas o calor não chegava até aqui embaixo. É um daqueles dias em que o mundo parece preso dentro de um vidro: Nem brisa, nem luz e nem calor conseguiam tocar os humanos. Mas ela conseguia. Uma sombra cobriu a rua trazendo com ela um frio súbito, alguns perceberam no fundo de seu ser que algo estava errado. Um comichão na extremidade do cérebro instigando os instintos mais primitivos da humanidade: Fugir ou lutar. Eles fugiram. Um fechou as cortinas da janela, outro apressou o passo. Eles não sabiam, mas inconscientemente eles fugiam dela.
Rua 7, número 77, uma menina de 7 anos. Tem-se que admitir que ela tem uma predileção macabra por esses detalhes, acho que é daí que vem a superstição. Se eles soubessem... Ela abriu a porta e teve que entrar se enfiando. A casa estava abarrotada deles, os sentimentos. O medo, a ansiedade, o desespero, a tristeza, a amargura, o arrependimento, a raiva, a impotência. As pessoas se apertavam para passar por eles sem perturba-los. Como faziam isso? Como não morriam esmagados com o peso da própria emoção? Uma coisa era óbvia, estavam sufocando com a antecipação do acontecimento. A realidade se enfiava em suas gargantas e fazia-os engasgar com o gosto amargo.
Subiu as escadas, a alma já a estava esperando no primeiro quarto de frente para a escada. A menina não sentiu o frio, ela queimava de febre. Pegou-a em meio a uma respiração difícil e seca: a garota inspirou e... Nada. Segurou a alma pela mão, esperou só mais um segundo para ver todos no aposento serem forçados a engolir a realidade que estava presa em suas gargantas. Era veneno, essa realidade, veneno rápido. Logo, ela teria que vir buscar mais deles.
A menina sussurrou algo para ela. Algo como naquela canção que ela tanto gosta: "O death. Won't you spare me over another year?". As vezes elas falam, as almas. Com um sorriso quase cruel, ela respondeu com outro trecho da música: "Well I am death, no one can exel". 
Havia a morte e havia uma pequena alma, depois não havia mais nada. Só a rua 7 e o sol que não aquecia nada.



3 comentários:

wanessa g. disse...

''(My name is death and the end is here)''
Tolos são os que acreditam em superstições. Belo texto, belo final. (:

wanessa g. disse...

Ahh agora que vi meu blog ali do ladinho rs.. Obrigada.

Amanda disse...

Obrigada. E de nada,haha.