Pages - Menu

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Intensidade


Oh, palavras doces, onde estão vocês? Eu tentei colocar um pouco de açucar nas linhas duras que escrevo com minhas mãos tão despreparadas para esse tipo de doçura, mas isso as deixou sem gosto. Sem a doçura inefável que eu buscava e sem o gosto metálico que tinha antes. Gosto metálico feito sangue, um pouco salgado demais, beirando ao bizarro.
Tentei segurar a pena de cristal que com elegância desliza pelo papel como fazendo uma dança, mas minhas mãos são grandes e disformes. Meu coração ri das minhas tentativas de ser doce, de ser donzela e de encantar pela minha língua de canela. Não, eu não sou assim. Minha língua destila fel e quando tento disfarçar isso é como se tentasse encontrar eufemismos para minha própria alma.
Eu admiro as pessoas que falam com doçura, eu engulo suas palavras como se fossem pílulas de remédio. De alguma forma, elas agem como um anestésico para o meu lado amargo, mas não há cura. 
Eu sou caótica e minhas palavras são de chumbo. Eu não tenho açucar, só sal e vinagre para temperá-las, mas acredito que o mais importante aqui, não é se somos doces ou amargos, mas se somos intensos. Eu não gosto de nada superficial, mas posso apreciar tanto o amargo quanto o doce desde que sejam intensos.

2 comentários:

Antonio Souza disse...

Sabe Amanda, quando comemos algo doce enquanto tomamos café com leite, este nos parece amargo. Mas é tão doce quanto deveria de fato sê-lo.
Verdade que cada pessoa tem seu estilo,sua sensibilidade, imaginação, etc. Nem todos têm facilidades em expor certas intimidades ou sentimentos. Doçura demais enjoa!
Discordo aqui que sejas caótica, com falas pumbleas, e que temperas apenacom sal e vinagre tuas linhas.
Me desculpe, mas discordo.

Ainda que fosse, um bom churrasco é temperado dessa forma, e todos o amam!

Tuas linhas tem doce na medida certa, são próprias e gosto delas do jeito que são!

Acredite, teu tempero agrada a muito mais gente, confie!

Amanda disse...

Obrigada. Eu sempre tenho a impressão de que as coisas que escrevo são meio bagunçadas, meio salgadas demais. Aliás, sempre tenho essa impressão quando leio alguns textos que são tão simples e encantadores que fico sem palavras.
Mas cada um tem seu jeito de expor os seus sentimentos, suas ideias e seja qual for o jeito, ele é bonito da sua forma. Foi essa a lição que aprendi, pelo menos.