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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A Dama Branca

PARTE 1: 
PASSADO

Capítulo 1 - Nascimento


Tudo o que você vai encontrar a bordo d'O Ceifador é maldade e morte. Todos conheciam a história do navio maldito e sua tripulação de piratas sanguinários, afinal, era essa história que costumava fazer as crianças tremerem de medo a noite. O Ceifador tinha este nome pois era exatamente isso que ele fazia quando atracava em algum pobre vilarejo: ceifava seus tesouros e suas vidas. É de conhecimento geral que não há escravos no navio, pois eles nunca deixam ninguém vivo.

Além disso, contava-se uma história sobre o malvado capitão do navio. Diziam, os crédulos assustados, que ele ceifava a alma daqueles que mata e as arrastava para o inferno, mas isso, eu garanto, é só uma história. Já a maldade do capitão é mais do que real, é de uma dor excruciante para seus inimigos. O capitão Malic era a imagem do mau, ou como um dos jovens que ele assassinou só por prazer disse pouco antes de morrer, "Ele é o próprio mau".
Quando o inverno chegou, O Ceifador atracou numa ilha deserta para esconder seus furtos. Enquanto os homens cavavam um esconderijo para os tesouros, capitão Malic se infiltrou no pequeno bosque para ele mesmo esconder alguns tesouros muito precisos, os quais nunca confiaria a seus homens. O capitão sabia que eram todos desonestos, afinal, essa era uma das virtudes necessários para fazer parte de sua seleta tripulação. Depois de passar por umas arvores cadavéricas, indícios de que o inverno já reinava na ilha, ele encontrou uma clareira. Na entrada havia uma pedra em formato de punhal, ele se posicionou rente a ela e deu dez passos, então começou a cavar. Quando ele estava jogando a terra de volta no buraco, ele as ouviu. Vozes doces como canções de ninar e risadas como dias de sol, o capitão pode até vislumbrar o sol em sua mente, mesmo nesse dia de nublado de inverno. Logo, elas surgiram na clareira. Belas criaturas em forma de mulher, pálidas como a morte e estonteantes só como algo mágico poderia ser. Eram ninfas. Ninfas do inverno, para ser exato. Elas brincavam de correr uma atrás das outras e riam deleitadas com sua própria beleza. 
Então, elas perceberam a presença do capitão e recuaram assustadas. O próprio capitão recuou com o que viu, aquela bela ninfa no meio do grupo, pálida como todas, mas a única com aqueles olhos azuis escuros como o mar em uma tempestade. Ele nunca havia visto nada como aquilo e logo todo o seu corpo estava embriagado pelo desejo de possuir aquela ninfa. Ele sabia como ninfas eram assustadas, fujonas. Tentou sorrir, mas não sabia como. O capitão se aproximou do grupo de ninfas bem devagar, pretendendo não assustá-las, mas as ninfas, como todos os seres mágicos, tinham esse sentimento com relação as auras e quando o capitão tentou se aproximar, elas sentiram uma enorme sombra negra se erguer sobre elas. Em um segundo, elas partiram, rápido demais até mesmo para o capitão determinar para que direção foram. Praguejando as piores maldições conhecidas no Mundo Mágico, ele retornou para seus homens e disse que tinha uma caçada as ninfas.
Enquanto os homens se divertiam varrendo a ilha a procura de ninfas, o capitão Malic estava ficando impaciente em seus aposentos no navio. O desejo de obter aquela criatura lhe era estranho, era um desejo que ele só sentira ante por ouro e a morte de seus inimigos, mas, naquele momento, o capitão jurou a si mesmo que seu coração ansiava por possuí-la. Do que eu duvido, já que tenho sérias duvidas de que o capitão tenha um coração. Uma hora antes do amanhecer, o segundo no comando do navio apareceu em sua porta com o seu objeto de desejo.
- Aqui está, capitão. - Disse Jeakins, orgulhoso. - Como o senhor queria trouxemos a sua ninfa e matamos as outras. - Esta parte, ele disse com um sorriso de quem se diverte.
Agora, vocês devem saber que matar uma criatura mágica tão pura como uma ninfa é um crime tão terrível que a alma do executor ficará para sempre maculada, mas duvido que o capitão ou qualquer um dentre a tripulação já não tivessem as almas totalmente desfiguradas por crimes tão terríveis quanto. A única coisa pior do que matar as ninfas, talvez, seja o que o capitão fez com aquela outra criatura tão desejada pela sua mente sórdida.
Não entrarei em detalhes, mas quando o capitão finalmente ficou satisfeito, a ninfa esta jogada em um canto do aposento aos prantos. O capitão mandou que seus homens a jogassem de volta na ilha, não direi que isso foi um ato de boa fé do capitão, pois penso que seria melhor ter-lhe tirado a vida, mas é claro que não o fizeram e isso foi uma decisão que influenciou muito mais do que só a vida da ninfa.
Na última semana de inverno, O Ceifador que havia voltado a suas atividades cruéis de sempre nem imaginava que estava prestes de receber um novo tripulante. O capitão Malic comemorava sozinho mais um furto de ouro banhado a sangue quando sentiu algo mudar. Como se a brisa marinha que entrasse pela janela ficasse mais forte de repente ou alguém tivesse chamado seu nome de um lugar muito distante. Não era nada, claro, mesmo assim o capitão foi até a porta. Ao abri-lá, quase não notou um pequeno embrulho de pano que fora deixado no chão, bem ali na sua porta. O capitão olhou desconfiado, como se fosse alguma armadilha e então o embrulho começou a se agitar. Então, ele arrancou o pano que cobria aquela coisa e se deparou com um bebê. Pálido como neve e com cachos loiro claríssimo enfeitando a cabeça. De alguma forma, o capitão sabia de onde vinha aquilo. Ele não sabia como tinha ido parado na sua porta, mas sabia sua origem.
Apressadamente o capitão recolheu a criança com certa repulsa e levou para seus aposentos, largando-a sem o menor cuidado em cima da sua mesa junto com o ouro de seu ultimo furto. O bebê que dormia tranquilamente acordou com o solavanco, piscou por alguns segundos e abriu os olhos. O capitão Malic esperava ver olhos azuis escuros como o mar em tempestade a encará-los, mas deparou-se com olhos negros como os próprios. Assombrado, fitou aquela criatura que não deveria existir. O bebê abriu um sorriso de prazer como se o assombro do capitão lhe divertisse. Por um longo momento, o capitão cogitou em jogar a coisa no mar. Então, encarou novamente o bebê e este pareceu brilhar um pouco. "É, claro! O bebê era metade mágico!", pensou ele. 
O capitão tomou uma decisão, ele não matou a criança. Não foi por bondade, sequer porque era seu sangue, ele apenas deixou a criança viver por ela ser mágica. Ela. Era uma menina. Sua filha e da ninfa.
Como um ser tão mau poderia gerar algo com um ser tão puro? Filha do mau e da pureza.

2 comentários:

Antonio Souza disse...

Aqui está a continuação!
Saba Amanda, vc realmente tem o dom de contar histórias. A tua narrativa é envolvente e basta algumas linhas para já nos vermos num mundo encantado. Me lembra os Hobbits, e algumas tantas outras histórias. Espero que continues essa história até o fim.

Há uma passagem do texto que pediria que desses uma revisada - Me desculpa se este não é o melhor canal para isto.
Ei-lo : "era um desejo que ela só sentira ante por ouro e a morte de seus inimigos,"

Estou assinando o feed deste teu blog. Pretendo seguir nessa viagem!

Amanda disse...

Obrigada. Fiquei muito feliz ao receber esse comentário, muito porque eu gosto de hobbits. Estou escrevendo outro capítulo, deverá estar pronto logo.
Ah, obrigada pela dica. Eu tento revisar os textos, mas quase sempre escapa algo.
:)