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quinta-feira, 18 de julho de 2013

Entre paredes acolchoadas

Quero fazer uma crítica construtiva e, ao mesmo tempo, dotada de um humor inteligente. Quero ser o poeta bêbado de álcool e de si mesmo. Quero ser aplaudida; de pé; por cinco minutos inteirinhos. Quero fazer amor com a lua numa outra dimensão. Quero me tornar um ser transcendental, onisciente, incorpóreo. Quero ser a divindade para qual você reza e pela qual você mata. Quero ser as palavras de Shakespeare, arrancadas do papel e trazidas a vida. Quero ser a alma reencarnada da escritora desconhecida e melancólica que colocou um monte de pedras nos bolsos e foi nadar ou que dormiu com a cabeça dentro do forno ligado. Quero ser a dança mística perpetrada no culto pagão. Quero ser a própria poesia; Quero sequestrá-la, amarrá-la a uma mesa de metal cuidadosamente esterilizada, amordaçá-la e dissecá-la; Quero estudar o mistério de seus órgãos internos, desenterrar o eu-lírico das tripas; Quero arrancar sua pele e vesti-la como uma boa seda. Não é o bastante. Eu quero ser a poesia de dentro para fora. Quero comer o seu cérebro e encher o estomago com suas ideias. Quero substituir meu coração pelo dela. Quero ser o Diabo para poder comprar sua alma. 
Ela me faz insana, assassina, canibal, satânica, quando eu só quero ser uma coisa: ela. Eu só quero ser poesia.


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