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sexta-feira, 12 de abril de 2013

Desconstrução

'Tá faltando poesia na minha vida
- e vida na minha poesia -
'Tá faltando pão e coração,
falta amor nas minhas veias
e sangue nas sarjetas.

As palavras que enchem o meu útero,
me enchem de nada.
Eu quero abortar.
- é uma pena a lei não estar do meu lado -
Acho que usarei um cabide
Ou, talvez, a prosa estéril e pueril.

Eu queria que vocês soubessem
que, ao invés de sangue,
meu coração bombeia água salgada;
Que eu respiro revolução
e pinto a face com o sangue dos inocentes;
Que o meu grito de guerra é a canção da sereia
e fui eu quem afogou
a verdade
nas profundezas
da minha alma
falaciosa.

Veja, meu bem.
Essa pele já não me serve mais.
Ajude-me a tirá-la.
Arranque-a dos meus músculos cansados,
e estes, leve-os também.
Os ossos, esmague-os.
Pulverize-os.
Entregue o pó ao vento como uma oferenda.
Liberte a poesia calcificada, atrofiada, envelhecida.
Liberte-me dessa prisão de ossos e carne.
Eu imploro:
Liberte-me.

2 comentários:

Irene Chemin disse...

Mais que lindo. Intenso, verdadeiro. Botou em palavras os sentimentos que eu ainda não tinha conseguido expressar.
Parabéns!

Amanda disse...

Thank you, my dear <3