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segunda-feira, 14 de maio de 2012

Órgãos e suas funções

Chegou ao fim, do mesmo modo como começou, essa minha fascinação com o coração. Semana passada, eu estava discutindo com a minha irmã a importância de certos órgãos da nossa anatomia e decidi que o coração anda superestimado. Não consigo deixar de culpar esses romances, ou melhor, esses clichês românticos que tentam nos ensinar que amor é igual a dependência ou a oh-eu-te-amo-vamos-cometer-suicídio-mútuo. Tenho a impressão que as pessoas acabam dando certo crédito ao coração que vai muito além do músculo cardíaco. Fico imaginando se toda vez que escrever sobre o órgão em questão terei de ressaltar lá no finalzinho do texto que é uma metáfora e que o coração em si não é gentil e não contém sentimentos. 
Se o sentimento ou, mais especificamente, o amor está em algum lugar da nossa anatomia, ora, então esse lugar é o cérebro. Lá entre as ligações neurais, onde ficam as lembranças, a personalidade e tudo mais que importa. Hormônios que gritam sentimentos. Serotonina! Ocitocina! Amor, amor! Eu, mais do que nunca, estou preparada para abandonar minha teoria de que a ciência tem um jeito de anular qualquer poesia. Tolice! Pode-se encontrar poesia em quase tudo. 
Eu sei que não preciso estar aqui apontando órgãos e dizendo suas funções, pois tenho certeza que nenhum de vocês é tão literal quanto a minha irmã e não estão propensos a confundir metáforas com afirmações literais. Sei melhor ainda que tentar explicar o amor é uma armadilha. Tentar explicar o amor com o órgão da razão, da racionalidade, é ainda mais traiçoeiro. Podem até querer me acusar de estar racionalizando sentimentos. Afirmo para vocês que não é o caso ou, pelo menos, não foi minha intenção. Entretanto, eu estava escrevendo sobre órgãos e a ideia me surgiu com naturalidade. Se preferirem, podemos deixar a anatomia e os órgãos de lado e dizer que o amor vem de outro lugar completamente diferente. Por mim, o amor pode vir de qualquer lugar.
É melhor eu parar por aqui, pois já estou divagando. Só queria avisar que minha fase de obsessão acabou. Podem ficar tranquilos, vou parar com as metáforas sobre o coração agora.

Um comentário:

Antonio Souza disse...

Gostei.
Muito coração, mas bem racional.
Acho que diz muito do autor, quando se debate entre razão e emoção.