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sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Ficção, realismo ou delírio. Take your pick!

Existe um rio atrás dos meus olhos. Deve ser ele que está me afogando de dentro para fora. Consigo ver com detalhes, através dos meus olhos da mente, ele escorrer feito cachoeira por detrás das minhas pálpebras, inundando minhas vias nasais e correndo pela minha garganta abaixo produzindo um gorgolejar tedioso. Deve ser ele que inunda meus pulmões e... Rio? Eu disse "rio"? Mas é um mar! Sempre foi um mar. My feeble body holds a sea inside it. Só que agora ele se virou contra mim. O Olho de Netuno não mais rege esta massa d'água. Abandonaste-me, ó deus da imensidão azul! Sempre soube que não deveria confiar em deuses ou personagens. Talvez seja a literatura que me afoga por dentro. Esse mar dentro de mim não era uma tola - ou talvez um tanto perfeita demais - analogia para a literatura que aguardava impacientemente ser colocada para fora? Ah, mas basta de metáforas bonitinhas para descrever algo que não é outra coisa senão feio! Patético! Sem sentido algum! "Parem de romantizar o que machuca", eu pediria aos escritores - e demais artistas. Contudo, sei que eles nunca pararão. Eu não parei, nem mesmo agora.
Será que consigo fazer-me mais clara que isso?! Bem, eu sinto como se estivesse lutando contra fantasmas. Nadando por uma névoa cinza. Há um véu que me separa do resto do mundo. Talvez eu esteja vivendo em uma dimensão paralela... Quem sabe? Eu estou interpretando um papel; não consigo decidir se sou ótima ou terrível nele. Até parece que estou vivenciando meu último conto publicado aqui! Eu olho no espelho, ela me encara de volta. Eu a questiono: "O que há de tão errado que você não consiga respirar?". Ela não me responde. Ignora-me. Dá de ombros. Pelas deusas da poesia, ela não faz ideia. Esse último é o pior cenário. É o que mais me assusta. Eu peço para sair. Peço que a boneca me liberte dessa prisão de cerâmica. Ela me responde com uma única frase: "E a fé que eu tinha em mim, cadê?". Há algo nessa frase que me perturba imensamente. Quase tanto quanto o meu próximo pensamento: acho que eu sou a boneca.
Eu tenho um professor que diz que o que nos machuca mais na tragédia é não sabermos a razão daquilo tudo. Eu concordo com ele e ainda emendo uma questão: por que o ser humano acha que existe uma razão para tudo nesse mundo? A realidade não faz sentido nenhum! Se fizesse, seria ficção.

Fonte: WeHeartIt

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